NAFLD e Dieta Mediterrânea: evidência clínica para reduzir gordura no fígado

28 de agosto de 2025

A esteatose hepática não alcoólica (NAFLD) é uma doença caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura no fígado, não estando relacionada ao consumo de álcool. Essa condição é frequentemente associada a fatores metabólicos como obesidade, resistência à insulina e dislipidemia.

A dieta mediterrânea tem sido amplamente estudada como uma abordagem nutricional eficaz para o manejo da NAFLD, principalmente em pacientes com sobrepeso ou obesidade.

É importante, nesse caso, avaliar as evidências científicas que sustentam um tratamento eficaz e completo para a NAFLD. Para te ajudar, vamos explicar o que é a dieta mediterrânea e como ela pode impactar positivamente no combate a essa doença.

O que é a dieta mediterrânea?

A dieta mediterrânea é um padrão alimentar tradicional dos países banhados pelo Mar Mediterrâneo, caracterizado por:

  • Alto consumo de frutas, legumes, vegetais, azeite de oliva e grãos integrais;

  • Baixo consumo de carnes vermelhas e alimentos processados;

  • Consumo moderado de peixes e aves;

  • Ingestão moderada de vinho tinto durante as refeições.

Esse padrão alimentar é altamente rico em ácidos graxos monoinsaturados, antioxidantes, fibras e compostos anti-inflamatórios. Todos esses componentes contribuem para a saúde hepática e metabólica, trazendo efeitos benéficos comprovados.

Evidências científicas sobre a dieta mediterrânea e NAFLD

Redução da gordura hepática

Estudos clínicos recentes demonstraram que a adesão à dieta mediterrânea pode levar à redução significativa da gordura acumulada no fígado. Uma meta-análise de ensaios clínicos randomizados indicou que esse padrão alimentar está associado à:

  • Redução do índice de gordura hepática;

  • Melhora da resistência à insulina em pacientes com NAFLD.

Melhora de parâmetros metabólicos

Além da redução da gordura hepática, a dieta mediterrânea também evidenciou efeitos positivos em outros parâmetros metabólicos, como:

  • Glicemia: melhora no controle glicêmico e da sensibilidade à insulina;

  • Perfil lipídico: redução dos níveis de triglicerídeos e aumento do HDL-colesterol;

  • Pressão arterial: redução da pressão arterial sistólica e diastólica.

Esses efeitos, em conjunto, contribuem para a redução do risco cardiovascular, que é frequentemente elevado em pacientes com NAFLD.

Comparação com outras dietas

Quando comparada a outras dietas de baixo teor de gordura, a dieta mediterrânea demonstrou eficácia semelhante na melhora dos marcadores de função hepática e composição corporal em pacientes com NAFLD.

Contudo, esse padrão alimentar oferece benefícios adicionais devido à sua riqueza em compostos bioativos e à alta palatabilidade, favorecendo a adesão a longo prazo, o que é essencial no contexto clínico.

Aplicações práticas na nutrição clínica

Para pacientes com NAFLD e sobrepeso ou obesidade, é necessário realizar uma avaliação nutricional abrangente, que inclui:

  • Índice de massa corporal (IMC);

  • Circunferência da cintura;

  • Exames laboratoriais (enzimas hepáticas, perfil lipídico, glicemia).

O monitoramento regular desses parâmetros permite ajustar as intervenções nutricionais conforme necessário.

A implementação da dieta mediterrânea pode ser adaptada às preferências e necessidades dos pacientes. Esse processo envolve:

  • Educação nutricional com orientações sobre os princípios e benefícios da dieta;

  • Planejamento alimentar personalizado com cardápios que incorporem alimentos típicos da dieta mediterrânea;

  • Técnicas de mudança de comportamento alimentar para promover adesão ao plano;

  • Combinação com atividade física regular, potencializando os efeitos terapêuticos.

Conclusão

A dieta mediterrânea representa uma abordagem nutricional eficaz e sustentável para o tratamento da esteatose hepática não alcoólica, especialmente em pacientes com sobrepeso ou obesidade.

Rica em nutrientes anti-inflamatórios e antioxidantes, essa dieta contribui para a melhoria da saúde hepática e metabólica. A personalização do plano alimentar e o acompanhamento contínuo são fundamentais para o sucesso a longo prazo.

Para um acompanhamento individualizado, agende sua consulta com a nutricionista Diana Ruffato.

 

📚 Referências bibliográficas

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