Nutricionista para lúpus: o papel da alimentação na modulação imunológica
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A recuperação após um infarto agudo do miocárdio exige uma abordagem multidisciplinar e a nutrição desempenha papel fundamental. Uma dieta balanceada e adequada pode reduzir o risco de novos eventos cardiovasculares, favorecer o controle de fatores de risco como hipertensão, obesidade, dislipidemias e resistência à insulina, além de melhorar a qualidade de vida. Nesse contexto, a atuação do nutricionista se torna indispensável para guiar o paciente em um processo de reeducação alimentar, priorizando estratégias comprovadamente cardioprotetoras.
Entre os padrões alimentares mais eficazes na prevenção secundária de doenças cardiovasculares estão a dieta mediterrânea e a dieta DASH. Ambas abordagens demonstraram benefícios significativos na redução da inflamação sistêmica, na melhora do perfil lipídico e na função endotelial, sendo recomendadas por diretrizes internacionais.
O infarto agudo do miocárdio é um evento clínico de alta complexidade e com grande risco de recorrência, principalmente nos primeiros meses após a alta. Durante esse período, a alimentação desempenha um papel extremamente relevante na estabilização do quadro clínico, reduzindo marcadores inflamatórios e prevenindo complicações. O acompanhamento nutricional contínuo permite a implementação de intervenções ajustadas às necessidades individuais do paciente, levando em consideração as comorbidades.
Diversos estudos atuais indicam que muitos pacientes com histórico de infarto não seguem corretamente as orientações nutricionais propostas nas diretrizes, comprometendo a eficácia do tratamento clínico. A presença de um nutricionista na equipe profissional de tratamento facilita a tradução dessas diretrizes em práticas viáveis e adequadas. O apoio individualizado, por sua vez, ajuda a superar barreiras relacionadas a hábitos antigos, resistência à mudança e insegurança quanto ao que consumir.
Além disso, uma dieta balanceada pode reduzir efeitos adversos e melhorar a resposta ao tratamento farmacológico. Por exemplo, a ingestão adequada de fibras, magnésio e potássio ajuda na manutenção da pressão arterial e regula o metabolismo lipídico e glicêmico, aspectos diretamente relacionados ao risco cardiovascular.
Também é papel do nutricionista atuar no monitoramento de parâmetros clínicos e bioquímicos. As avaliações periódicas de perfil lipídico, proteína C reativa, glicemia e pressão arterial ajudam a medir a eficácia das mudanças alimentares e permitem a implementação de ajustes personalizados.
A dieta mediterrânea é amplamente reconhecida como uma das abordagens alimentares mais indicadas na prevenção e no tratamento de doenças cardiovasculares. O consumo elevado de vegetais, frutas, leguminosas, cereais integrais, azeite de oliva, oleaginosas e peixes confere a essa dieta um forte potencial anti-inflamatório e antioxidante. Além disso, ela é pobre em gordura saturada e açúcar refinado, favorecendo o controle dos níveis de LDL-colesterol e triglicerídeos.
Segundo o estudo DICA-NUTS, a adesão à dieta mediterrânea está associada a um melhor padrão alimentar em pacientes após infarto agudo do miocárdio, contribuindo para o controle inflamatório e recuperação cardiovascular.
Outro aspecto importante dessa abordagem nutricional é sua flexibilidade e adesão cultural, facilitando sua manutenção a longo prazo. Ao permitir variações conforme a disponibilidade e preferências pessoais, esse padrão alimentar se torna mais acessível e menos restritivo. Essa característica é fundamental para garantir maior adesão sustentável e impacto clínico prolongado.
O nutricionista pode adaptar os princípios da dieta mediterrânea ao contexto brasileiro, priorizando óleos vegetais de qualidade, alimentos in natura e o consumo regular de peixes. Além disso, a redução gradual de alimentos ultraprocessados e embutidos deve ser estimulada como parte de um plano alimentar que respeite a individualidade e promova a autonomia.
A dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) é uma abordagem alimentar voltada principalmente ao controle da pressão arterial, mas também apresenta excelentes benefícios sobre o perfil lipídico e a saúde cardiovascular. Essa dieta é rica em frutas, laticínios com baixo teor de gordura, vegetais, cereais integrais, leguminosas, e carnes, peixes e aves com baixo teor de colesterol e gordura saturada.
A redução da ingestão de sódio é um dos pilares dessa abordagem, com evidências robustas de que a restrição para cerca de 2000 mg por dia contribui significativamente para a redução da pressão arterial sistólica e diastólica, principalmente em pacientes hipertensos. O maior consumo de potássio, cálcio e magnésio, por sua vez, também atua de forma sinérgica na regulação da pressão arterial.
A associação entre a dieta DASH e a melhora do perfil lipídico também está bem documentada em estudos. O aumento da ingestão de fibras solúveis e a redução do consumo de gordura saturada contribuem para a redução do colesterol LDL, sem comprometer os níveis de HDL. Esses efeitos são especialmente vantajosos no contexto pós-infarto, onde o controle lipídico é uma das principais metas terapêuticas.
O nutricionista tem papel essencial na aplicação prática da dieta DASH, adaptando o padrão alimentar à rotina do paciente, substituindo alimentos ricos em sódio e gordura por opções mais saudáveis, e promovendo mudanças graduais e sustentáveis.
Após o infarto, o organismo passa por um processo de resposta inflamatória que, quando não controlado, pode contribuir para a progressão da doença aterosclerótica. Por essa razão, a alimentação com propriedades anti-inflamatórias deve ser priorizada, incluindo fibras solúveis, nutrientes como ômega-3, compostos fenólicos e antioxidantes, presentes em frutas, vegetais e peixes.
Além disso, o controle dos lipídios sanguíneos continua sendo uma das principais metas na prevenção secundária. A redução do LDL-colesterol e triglicerídeos, aliada à manutenção ou elevação do HDL-colesterol, pode ser alcançada com alterações dietéticas e pratica de atividade física regular. Fibras solúveis consumidas regularmente, fitoesteróis e ácidos graxos insaturados apresentam efeito benéfico comprovado na melhora desses marcadores.
É importante também orientar o paciente sobre os riscos do consumo excessivo de gordura trans e saturada, presentes em frituras, na banha, óleo de coco, alimentos industrializados e carnes processadas. A eliminação gradual desses itens da dieta deve ser feita com apoio nutricional, oferecendo alternativas palatáveis e acessíveis.
Ao avaliar exames laboratoriais e dados antropométricos, o nutricionista consegue ajustar de forma contínua o plano alimentar com foco em atingir as metas clínicas de lipídios e inflamação. Essa abordagem baseada em evidências aumenta a segurança e a eficácia do tratamento.
A educação alimentar é uma ferramenta fundamental no processo de reabilitação após um infarto. Ao compreender os fundamentos da alimentação cardioprotetora, o paciente se torna protagonista da própria recuperação. Materiais informativos, sessões educativas e atividades práticas como oficinas culinárias ajudam a consolidar os conhecimentos e habilidades necessários para a mudança de comportamento alimentar.
Também é papel do nutricionista atuar na reabilitação, alinhando o plano alimentar aos objetivos do programa de atividade física, que é outro pilar da recuperação cardiovascular. O consumo adequado de energia, proteínas e micronutrientes é indispensável para o bom desempenho físico, recuperação muscular e manutenção da composição corporal.
A atenção à saúde emocional e ao comportamento alimentar é outro ponto fundamental. Pacientes pós-infarto podem desenvolver ansiedade ou depressão, impactando negativamente sua relação com a alimentação. Apoio humanizado e escuta ativa são condutas indispensáveis para favorecer um acompanhamento empático e eficaz.
O suporte contínuo do nutricionista, apoiado por revisões periódicas e estratégias motivacionais, ajuda a evitar recaídas e a consolidar um novo estilo de vida a longo prazo. Essa é uma das principais contribuições desse profissional: não apenas propor mudanças alimentares, mas sustentar e acompanhar essas mudanças ao longo do tempo.
A atuação do nutricionista na recuperação pós-infarto é um componente essencial do cuidado integral. A adoção de dietas cardioprotetoras baseadas em evidência, como a dieta DASH e a dieta mediterrânea, associada ao controle da inflamação e dos níveis de lipídios, forma a base de um plano alimentar individualizado e altamente eficaz. Mais do que prescrever alimentos, o nutricionista é responsável por orientar, acolher, adaptar e acompanhar o paciente em seu processo de transformação.
Precisa de um plano alimentar personalizado para a recuperação cardiovascular? Agende sua consulta e descubra como a alimentação pode ser sua maior aliada.
Referência:
Evaluating Food Intake of Post‑Acute Myocardial Infarction Patients According to a European Guideline and Mediterranean Diet Score: DICA‑NUTS Substudy
🔗 https://dspace.inc.saude.gov.br/items/5a56963b-31ee-4f16-92de-9b3aeadab2e5