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A síndrome do intestino irritável é um distúrbio gastrointestinal que afeta de 10 a 15% da população. A doença é caracterizada por dor abdominal recorrente associada a alterações do hábito intestinal, com ausência de causas orgânicas detectáveis. Entre os sintomas mais frequentes estão constipação, distensão abdominal, diarreia e flatulência. Embora a condição não seja considerada grave, a síndrome do intestino irritável compromete a qualidade de vida dos pacientes.
A etiologia da síndrome do intestino irritável é multifatorial, de forma que são constatadas alterações na motilidade intestinal e fatores psicossociais. Nos últimos anos, ganhou grande destaque o papel da microbiota intestinal na gênese e manutenção da doença, abrindo caminhos para a implementação de novas estratégias terapêuticas. A disbiose, ou desequilíbrio entre as bactérias benéficas e patogênicas, tem sido particularmente observada em pacientes com síndrome do intestino irritável.
Nesse cenário, os probióticos surgem como uma intervenção promissora. Eles são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro, permitindo restaurar o equilíbrio da microbiota, modular a imunidade e melhorar a função da barreira intestinal.
Este artigo apresenta uma análise crítica dos principais estudos científicos de alta evidência sobre o uso de probióticos no tratamento da síndrome.
Os probióticos são definidos pela FAO/OMS como microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro. Os gêneros mais estudados na atualidade são os lactobacilos e bifidobactérias, mas outros probióticos como Saccharomyces boulardii também têm sido utilizados com sucesso. Esses microrganismos atuam na regulação da microbiota intestinal e também na modulação da inflamação.
Na síndrome do intestino irritável, os probióticos vem sendo estudados e podem exercer ação em diversos pontos da fisiopatologia. Os efeitos estudados envolvem reduzir a disbiose, melhorar a permeabilidade intestinal e reduzir a produção de citocinas inflamatórias, modulando a dor visceral através da atuação no eixo intestino-cérebro. Esse conjunto de mecanismos faz dos probióticos uma alternativa aparentemente segura como terapia adjuvante no tratamento da síndrome do intestino irritável.
Cada cepa tem um efeito específico e os benefícios que podem ser observados em um caso não necessariamente se aplicam a outro. Por esse motivo, é necessário que a seleção da cepa e a dosagem sejam baseadas em evidências específicas e não apenas na categoria.
Uma revisão sistemática conduzida por Barajas Nava (2021) analisou o uso de probióticos no manejo da dor abdominal funcional em crianças, incluindo a síndrome do intestino irritável. O estudo, intitulado Probiotics for Managing Functional Abdominal Pain Disorders in Children, concluiu que os probióticos podem ser mais eficazes que o placebo, embora a evidência tenha sido considerada de baixa certeza.
Outra análise publicada na Cochrane em 2018, também por Barajas Nava e colaboradores, avaliou especificamente o uso de probióticos para tratar a síndrome do intestino irritável em crianças. No artigo, os autores reforçam o potencial benéfico dos probióticos, mas garantem a necessidade de mais ensaios com boa metodologia e amostras maiores.
Já um estudo realizado por Ortiz e Andrés Correo, na Revista de Gastroenterología de Venezuela, intitulado Probióticos en Síndrome de Intestino Irritable, mostrou que cepas de lactobacilos e bifidobactérias podem reduzir sintomas como distensão e dor abdominal. Essa análise foi baseada em ensaios clínicos com adultos, principalmente na América Latina, reforçando a necessidade de se escolher cepas bem estudadas.
Na prática nutricional, os probióticos podem ser introduzidos na forma de suplementos ou alimentos fermentados. É comum encontrar suplementos de bifidobactérias e lactobacilos rhamnosus GG, que são amplamente utilizados e estudados, e apresentam boa tolerância.
A dosagem ideal varia muito nos trabalhos, a literatura sugere que doses entre 1 bilhão a 10 bilhões de UFC/dia são eficazes na maioria dos casos. O tempo mínimo de uso tambem tem grande variabilidade, tem estudos com tempo variando de 4 a 8 semanas.
A combinação de prebióticos e probióticos com uma dieta individualizada é fundamental. Uma alimentação rica em fibras solúveis, prebióticos naturais e alimentos fermentados pode potencializar os efeitos das cepas probióticas. Por outro lado, é importante estudar os efeitos de forma individual de alimentos fonte de carboidratos fermentáveis (como os FODMAPs).
O acompanhamento por um nutricionista permite que a escolha da cepa seja adequada e ideal para o paciente, além do controle da resposta clínica e prevenção de efeitos adversos. Embora seguros, os probióticos não são indicados para pacientes imunocomprometidos sem avaliação médica.
Os probióticos têm se mostrado uma ferramenta valiosa no tratamento complementar da síndrome do intestino irritável, promovendo melhora dos sintomas como dor, irregularidade do trânsito intestinal e distensão abdominal.
Contudo, os tipos cepas, quantidades e tempo de tratamento ainda nao estao bem claros. A associação entre o uso de probióticos e intervenções nutricionais personalizadas representa uma abordagem segura, integrada e com potencial de melhora na qualidade de vida dos pacientes com a síndrome do intestino irritável.
O suporte profissional é determinante para o sucesso terapêutico.
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