Zinco no tratamento de acne: efeito anti-inflamatório e antimicrobiano

6 de junho de 2025

Introdução

 

A acne vulgar é uma condição dermatológica comum que afeta principalmente adolescentes e adultos jovens. Caracterizada por lesões cutâneas como comedões, pápulas e, em casos mais graves, nódulos e cistos, sua etiologia é multifatorial. Envolve hiperqueratinização folicular, colonização bacteriana por Cutibacterium acnes e aumento da produção de sebo.

O tratamento convencional da acne inclui retinoides tópicos, antibióticos orais e tópicos, isotretinoína e contraceptivos hormonais. Contudo, esses tratamentos podem apresentar efeitos colaterais significativos e contribuir para o desenvolvimento da resistência bacteriana.

Por essa razão, existe um interesse crescente em terapias adjuvantes com menor perfil de efeitos adversos, como é o caso do zinco no tratamento da acne. O zinco é um micronutriente essencial que tem sido estudado por suas propriedades anti-inflamatórias e antimicrobianas, atuando na modulação da resposta imune e na inibição do crescimento bacteriano.

Mecanismos de ação do zinco na acne

Pressupoe-se que o  zinco exerce efeitos benéficos na fisiopatologia da acne. Ele pode  atuar como um agente anti-inflamatório, inibindo a quimiotaxia de neutrófilos e a liberação de citocinas pró-inflamatórias como a interleucina-6 e o fator de necrose tumoral alfa. O zinco também é um cofator da enzima superóxido dismutase, que neutraliza radicais livres e reduz o estresse oxidativo na pele.

No aspecto antimicrobiano, o zinco inibe o crescimento da Cutibacterium acnes, envolvida na patogênese da acne. Estudos demonstram que o zinco interfere na atividade da lipase bacteriana, enzima responsável pela degradação do sebo e formação de ácidos graxos livres que irritam a pele.

O zinco também tem uma influência direta na produção sebácea, inibindo a atividade da 5-alfa-redutase, enzima que converte testosterona em di-hidrotestosterona — hormônio que estimula as glândulas sebáceas. Com isso, é possível observar uma redução na produção de sebo, fator crucial na formação das lesões.

O zinco tambem modula a resposta imunológica, promovendo a diferenciação de células T reguladoras e diminuindo a resposta inflamatória exacerbada. Esses múltiplos mecanismos tornam o zinco um candidato promissor no tratamento adjuvante dessa doença.

Evidências científicas sobre o uso do zinco na acne

Diversos estudos clínicos avaliaram a eficácia do zinco no tratamento da acne. Um estudo multicêntrico, randomizado e duplo-cego, comparou o gluconato de zinco (30 mg/dia) à minociclina (100 mg/dia) em 332 pacientes com acne inflamatória. O estudo, realizado por Carguer, demonstrou melhora significativa em ambos os grupos, com o zinco mostrando eficácia comparável ao antibiótico e menos efeitos colaterais.

Outro estudo randomizado, conduzido por Rumaira Rumo, evidenciou que a suplementação com sulfato de zinco (20 mg, duas vezes ao dia), em combinação com retinoides tópicos, em 122 pacientes com acne leve a moderada, trouxe excelentes resultados. Após 8 semanas, o grupo que recebeu zinco apresentou redução significativa das lesões e uma melhora considerável nos níveis séricos de zinco, sem aumento de efeitos adversos.

Além disso, uma meta-análise demonstrou que a suplementação oral de zinco (30 mg/dia por 8 semanas) resultou em redução significativa das lesões inflamatórias da acne em comparação ao placebo. O estudo, publicado pela School of Dermatology, reforça a importância do zinco no tratamento da acne e os benefícios que podem ser garantidos com essa substância.

Na maioria dos estudos, entretanto, nao foi estudada a quantidade de zinco basal nem foi levantada a hipotese de deficiencia ou nao do mineral antes da suplementação. A ingestao de fontes de zinco pela dieta assim como mudanças em outros aspectos dos padrões alimentares pelos pacientes em tratamento que podem tambem influenciar na melhora da acne tambem nao foram relatados como fatores de confusao ou de exclusão. A quantidade de zinco suplementada assim como o tempo tambem variaram muito.

Aplicações práticas na nutrição clínica

Estudos melhores precisam ser conduzidos para ter a certeza que a suplementaçao é necessaria. A dose terapêutica recomendada varia entre 35 a 45 mg de zinco elementar por dia, geralmente na forma de sulfato ou gluconato de zinco. A ingestão total de zinco deve ser monitorada para evitar efeitos adversos, como distúrbios gastrointestinais e náuseas.

A biodisponibilidade do zinco pode ser afetada por fatores dietéticos, como a presença de fitatos em cereais integrais, que acabam inibindo sua absorção. Por essa razão, é aconselhável orientar os pacientes a consumir alimentos ricos em zinco, como carnes magras, frutos do mar, sementes e leguminosas. A suplementaçao pode ser considerada na presenca de deficiencia em exames de sangue ou se for detectada uma deficiecia na ingestao de forma persistente e cronica. 

A avaliação do status de zinco do paciente pode ser feita por meio de exames laboratoriais, como a dosagem de zinco sérico. Pacientes com deficiência podem se beneficiar da suplementação, apresentando melhora nos sintomas da acne e na saúde geral da pele.

A suplementação de zinco deve ser individualizada e acompanhada por um profissional de saúde, para garantir a eficácia e segurança do tratamento.

Conclusão

O zinco apresenta sim propriedades anti-inflamatórias e antimicrobianas que o tornam um agente terapêutico promissor no tratamento adjuvante da acne em pessoas com deficiencia do mineral. Estudos clínicos demonstraram sua eficácia na redução das lesões inflamatórias, com perfil de segurança favorável em comparação aos antibióticos tradicionais mas nao se sabe  ao certo ainda se esse efeito se aplica a pessoas sem a deficiencia desse mineral. 

A suplementação de zinco, aliada a uma alimentação equilibrada e ao acompanhamento nutricional, pode contribuir positivamente para o controle da acne em pacientes que apresentam deficiência desse mineral. Contudo, é necessário que o uso seja orientado para evitar efeitos adversos e garantir melhores resultados terapêuticos.

Para um acompanhamento individualizado e seguro, é fundamental contar com a ajuda de um nutricionista de sua confiança.

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Referências Bibliográficas

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  2. Rumu H, Ferdous R, Islam MR, et al. The association between serum zinc levels and zinc supplementation in topical retinoids treated acne vulgaris patients: A randomized, double-blind, placebo-controlled trial. Scholars Journal of Applied Medical Sciences. 2023;11(9):1-9.SciSpace+1ResearchGate+1
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