Ômega 3 na esclerose múltipla: impacto na inflamação e neuroproteção

13 de junho de 2025

Introdução

A utilização do ômega 3 na esclerose múltipla tem sido cada vez mais estudada como uma abordagem complementar ao tratamento convencional da doença. A esclerose múltipla é uma condição autoimune do sistema nervoso central que provoca inflamação crônica e neurodegeneração progressiva, afetando principalmente jovens adultos. Os sintomas podem variar, incluindo fadiga, distúrbios visuais, fraqueza muscular e dificuldades cognitivas.

Atualmente, os tratamentos disponíveis têm como foco a modulação do sistema imune e o alívio dos sintomas. Porém, eles nem sempre são suficientes para evitar a progressão da doença e seus efeitos colaterais. Dessa forma, estratégias que promovem a redução da inflamação e oferecem suporte neuroprotetor vêm ganhando cada vez mais relevância no acompanhamento clínico da esclerose múltipla.

Entre os compostos bioativos mais promissores está o ômega 3, um ácido graxo poli-insaturado com reconhecido potencial anti-inflamatório e protetor da integridade neural. Estudos recentes sugerem que o ômega 3 na esclerose múltipla pode modular positivamente a resposta inflamatória, atuando de forma sinérgica com o tratamento tradicional.

Para te ajudar, reunimos neste artigo as principais evidências científicas sobre o uso do ômega 3 na esclerose múltipla, destacando seus mecanismos de ação, resultados clínicos, aplicações na nutrição e recomendações práticas com base em estudos de alto nível de evidência.

Como o ômega 3 atua na esclerose múltipla?

O ômega 3 na esclerose múltipla exerce um papel fundamental na modulação do processo inflamatório por meio da produção de mediadores lipídicos anti-inflamatórios como resolvinas, maresinas e protectinas. Esses compostos ajudam na resolução do processo inflamatório sem suprimir a resposta imune de forma deletéria.

Outro aspecto importante do ômega 3 está na sua incorporação às membranas celulares, melhorando a fluidez da membrana neuronal e modulando a sinalização celular envolvida na inflamação. Isso reduz a ativação de vias pró-inflamatórias como a do fator de transcrição NF-κB, com impacto muito positivo na redução da neurodegeneração.

Também há indícios de que o ômega 3 exerce efeitos benéficos sobre o eixo intestino-cérebro, equilibrando a microbiota intestinal e atenuando a inflamação sistêmica, o que contribui para a modulação do sistema nervoso central.

Evidências científicas sobre o ômega 3 na esclerose múltipla

Embora a maioria dos estudos sobre ômega-3 na EM ainda esteja em fases iniciais, pesquisas em outras doenças autoimunes fornecem insights relevantes. Por exemplo, uma revisão sistemática publicada em 2023 destacou que a suplementação com ômega-3 pode reduzir marcadores inflamatórios como proteína C-reativa, interleucina-6 e TNF-alfa em pacientes com doenças autoimunes, sugerindo um potencial benefício na EM.

Além disso, estudos observacionais indicam que dietas ricas em ômega-3, como a dieta mediterrânea, estão associadas a uma menor frequência de surtos em pacientes com EM. Um estudo longitudinal realizado na Austrália com pacientes com EM mostrou que uma maior adesão à dieta mediterrânea estava associada a um intervalo mais longo entre as recaídas da doença.

Ou seja, ainda não há evidências robustas, mas indícios de que é uma estratégia válida no tratamento. 

Leia também: Nutrição na Prevenção e Tratamento da Osteoporose

Aplicações práticas do ômega 3 na nutrição clínica

Na prática clínica, a introdução do ômega 3 na esclerose múltipla pode ser feita por meio de alimentos ricos em EPA e DHA, como salmão, sardinha, atum e cavalinha. Alternativamente, a suplementação com óleo de peixe ou óleo de algas pode ser prescrita conforme a necessidade do paciente.

A dose terapêutica estudada e indicada varia entre 1 a 3 gramas por dia de EPA + DHA combinados. No caso de pacientes com esclerose múltipla, recomenda-se iniciar com doses moderadas e avaliar a resposta clínica, sempre sob supervisão de nutricionista ou médico.

É importante mencionar que a qualidade do suplemento é um fator fundamental. O produto deve ser livre de metais pesados, oxidações e conter certificações de pureza. Isso garante que o ômega 3 na esclerose múltipla seja eficaz e seguro para o paciente.

A associação do ômega 3 com outras estratégias, como um padrao alimentar anti-inflamatório, consumo de antioxidantes e controle glicêmico, pode potencializar os efeitos benéficos na esclerose múltipla. O acompanhamento contínuo permite ajustes na suplementação com segurança e eficácia, de acordo com as necessidades do paciente.

Conclusão

O uso de ômega 3 na esclerose múltipla tem se mostrado muito promissor tanto na modulação da inflamação quanto na neuroproteção. Suas propriedades bioativas contribuem para a redução do estresse oxidativo, melhora da integridade das membranas neuronais e atenuação da atividade inflamatória crônica.

Embora a comunidade científica ainda precise de estudos mais robustos para definir recomendações específicas, os dados atuais sustentam o uso do ômega 3 na esclerose múltipla como recurso complementar.

Para um plano nutricional personalizado e seguro, focado no controle da inflamação e suporte neurológico, agende sua consulta com a nutricionista Diana Ruffato. Cuide da sua saúde com base em ciência e atenção especializada.

Referências Bibliográficas

  1. Sedeño Monge V, et al. (2020). Nutrientes y alimentos en la esclerosis múltiple. Arch Latinoam Nutr. 70(1):60–70. Link 
  2. López García C, et al. (2015). Mecanismos patogénicos en el desarrollo de la esclerosis múltiple: implicaciones terapéuticas. Rev Cubana Med. 54(2):123–134.  
Leia mais